Assim tudo começou...de Oestrich para Petrópolis

Pesquisas e Créditos Edvaldo José Couto Monken


Naquela época os prussianos viviam sob muitas guerras, motivo pelo qual decidiram procurar novos horizontes de vida. Saindo do povoado de Oestrich, na época Ducado de Nassau, que mais tarde juntando-se aos povoados de Winkel e Mittelheim transformou-se na cidade atual de Oestrich-Winkel. E assim Wilhelmus Josephus Monken, com 52 anos, pagou 300 Francos pelo embarque da família, mediante recibo, família essa composta pela esposa Anne Marie Nicolai e pelos oito filhos Heinrich Joseph, Marie Elisabeth, Jakob Joseph, Johann Joseph, Marie Bárbara, Catharine Judith, Georg Wilhelm e Marie Margareth, sendo que o filho mais velho Wilhelm, não veio para Petrópolis.

Partiram de Bingen para Dunquerque em 17 de abril de 1845, pagando 190 Francos, após a ratificação dos contratos pelo Vice-Cônsul do Império do Brasil e os vistos do Conselho Municipal da Prefeitura de Dunquerque, do Vice-Cônsul do Brasil e do Chefe do Serviço da Marinha em Dunquerque. Partiram em 28 de abril de 1845 no brigue francês Virginie, comandado pelo Capitão Faure, com a chegada ao Porto da cidade do Rio de Janeiro em 13 de junho de 1845, com 160 colonos, após 47 dias de viagem.

Em 15 de junho de 1845, é realizada a inspeção dos 160 colonos contratados a bordo do Virginie pela comissão nomeada pelo Presidente da Província e o desembarque de 156 colonos ocorre em 16 de junho de 1845. Foram transportados para Niterói, onde o governo provincial desprovido de acomodações os alojou num telheiro próximo as obras da igreja matriz da então capital da ex-província, de onde, o Chefe do referido depósito comunicou por carta ao Vice-Presidente da Província que recebeu em 16 de junho de 1845, 156 colonos e que o Capitão Faure do Brigue Virginie se recusou a entregar duas jovens colonas com idade de 15 e 18 anos pertencentes a uma mesma família.

Em seguida, foram transportados para o Arsenal de Guerra da Corte em barcas a vapor onde se encontraram com o Imperador D. Pedro II, tendo o mesmo feito donativo aos colonos e prometendo-lhes também a sua augusta proteção. No dia 25 de junho de 1845, na Imperial Cidade de Niterói, no Depósito onde se achavam os colonos contratados pelo Governo da Província do Rio de Janeiro, onde foi vindo o Dr. Antônio Manuel Fernandes Júnior, Chefe de Polícia da mesma Província, por ele foram interrogados os colonos chefes de família dos quais os seus ditos é da forma seguinte: “1º - Perguntado seu nome, idade e estado civil, disse chamar-se GUILHERME MONKEN, ter 52 anos de idade, casado. Perguntado se deu alguma coisa de sua passagem para esta Província, respondeu que o Gerente da Casa Delrue & Companhia exigiu, como luvas a fim de poderem ser contratados, 40 francos por cada pessoa de 15 anos para cima, e 20 francos de cada de 15 anos para baixo até 5 anos. E neste sentido ele declarante pagou 300 francos, por toda a sua família, do que se lhe passaram um recibo, que depois lho tomaram, em Dunquerque na ocasião em que iam embarcar ameaçando-os de não seguir viagem àqueles que os não quisessem entregar. Disse mais que o preço que tinha sido exigido como luvas, fora a princípio de 80 francos; mas que depois não havendo quem chegasse a esse preço, diminuíram da forma que fica dito. Disse mais, que além desta despesa pagou mais 190 francos que sua passagem e de sua família de Bingen para Dunquerque, a qual despesa lhe parece justa e que, todavia, não deve ser confundida com a outra que pagou de luvas. Um colono ludibriou a Casa Delrue & Companhia não entregando o contrato original nº 7, que apresentou ao Chefe da Polícia da Província onde consta que os colonos não são obrigados à despesa alguma, seja por que título for, tendo o direito de exigir da referida Casa o seu sustento, moradia e arranjos de viagem gratuitamente. Outro colono entendeu que os não devia pagar os 120 francos a Casa DelRue & Companhia e foi ao seu Cônsul que lhe deu o mesmo conselho; então a Casa DelRue & Companhia exigiu dele que assinasse uma obrigação dos referidos 120 francos para serem cobrados no Rio de Janeiro, e ele indo ao seu Cônsul, este lhe disse que podia assinar a tal obrigação porque ela não produzia efeito algum e é esta a origem de semelhante obrigação e a maneira porque ele veio para esta Província. Foram interrogadas 28 pessoas. E houve por concluído o referido interrogatório a que se procedeu, por ordem do Exmo. Vice-Presidente da Província e na presença do Major Júlio Frederico Köeler, do Reverendo Pastor da Comunidade Alemã no Rio de Janeiro Frederico Avé-Lallement, e de José Hermann Barão de Tautphoeus, que serviram de intérpretes e como testemunhas assinaram com os referidos interrogados. E “eu, João Carlos Pereira Lago, amanuense adido à Secretaria de Polícia o escrevi”.

No dia 28 de junho de 1845 saem do Arsenal de Guerra da Corte 142 colonos , viajando pela baia de Guanabara e rio Inhomirim em faluas até o Porto da Estrela, donde sobem a pé pelo Caminho da Estrela, com o apoio de tropas de muares e de carroções para a bagagem, fazendo parada na Fábrica de Pólvora no Meio da Serra chegando a Petrópolis 140 colonos em 29 de junho de 1845 à Fazenda do Córrego Seco, propriedade do Imperador D. Pedro II, na qual o Major Júlio Frederico Köeler estava encarregado da construção do palácio imperial de verão e do estabelecimento de uma povoação que resultou, com a instalação dos colonos contratados pela Província do Rio de Janeiro para as obras públicas, na criação da Imperial Colônia de Petrópolis, e entre eles a família Monken.

Recebem de Júlio Frederico Köeler, por ordem de sua Majestade Imperial, gratificações para poderem edificar suas casas, assim distribuídas: Wilhelmus Josephus 25$000, Heinrich Joseph 25$000, Jakob Joseph 25$000, Johann Joseph 25$000 e Georg Wilhelm 14$000, mais os prazos de terras no Quarteirão Nassau em nome de Wilhelmus Josephus nº 620, Heinrich Joseph nº 673, Jacob Joseph nº 621 e Johann Joseph nº 672.

Júlio Frederico Köeler em ofício ao Presidente da Província, em 30 de julho de 1845, escreve que: "os 140 que já existem em colonos aquartelados" [...] "saem dos quartéis que ocupam para suas próprias casas, nestes oito dias”. Os prazos de terras do Quarteirão Nassau ficam na atual Rua Piabanha, tornando a localidade reduto da Família Monken.

Pesquisas realizadas em 18 agosto 1993 no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro.




Página Inicial

Próxima Página